No início dessa semana o FBI alertou o mundo sobre o uso crescente de inteligência artificial para gerar vídeos falsos que vem sendo usados em esquemas de extorsão. Por meio destes materiais, criminosos tentam assediar menores e adultos, coagindo eles a pagar resgates ou cumprir outras exigências.
Nos últimos anos, a tecnologia de inteligência artificial (IA) tem avançado muito e permitido a criação de deepfakes, imagens e vídeos falsos que imitam pessoas reais com grande realismo. Esses deepfakes podem ser usados para fins criativos, educacionais ou informativos, mas também podem ser uma arma para crimes de extorsão sexual.
A extorsão sexual é um tipo de chantagem em que alguém ameaça divulgar imagens íntimas ou comprometedoras de outra pessoa, a menos que ela pague uma quantia em dinheiro ou faça algo contra a sua vontade. Esse crime já existia antes da IA, mas agora ficou mais fácil e perigoso com os deepfakes.
Com os deepfakes, os criminosos podem criar vídeos falsos de pessoas nuas ou em situações sexuais, usando apenas fotos ou vídeos públicos da vítima. Esses vídeos podem ser enviados para a vítima ou para seus familiares, amigos ou empregadores, causando constrangimento, medo e danos à reputação.
Segundo dados da organização não governamental Revenge Porn Helpline, que oferece apoio a vítimas de pornografia não consensual no Reino Unido, o número de casos de extorsão sexual por deepfake aumentou 149% entre 2020 e 2021. Nos Estados Unidos, a empresa de segurança cibernética Sensity relatou que mais de 100 mil mulheres tiveram suas fotos usadas para gerar deepfakes pornográficos em um site na internet em 2020.
Para evitar ser vítima desse tipo de crime, é importante tomar algumas precauções, como:
- Não compartilhar fotos ou vídeos íntimos na internet ou em aplicativos de mensagens, pois eles podem ser roubados ou vazados por hackers ou pessoas mal-intencionadas
- Não clicar em links suspeitos ou abrir arquivos desconhecidos que possam conter vírus ou programas espiões que capturam as imagens da webcam ou do celular.
- Não aceitar solicitações de amizade ou conversar com estranhos nas redes sociais, pois eles podem estar somente tentando obter informações pessoais ou fotos para, com o uso de ferramentas de inteligência artificial, criar material falso para uso em golpes ou engenharia social para futuros golpes
- Verificar a autenticidade das imagens ou vídeos recebidos antes de acreditar neles, pois eles podem ser falsificados por IA. Existem alguns sinais que podem indicar um deepfake, como falhas na sincronização da voz e dos lábios, piscadas raras ou repetitivas, gestos estranhos ou inconsistentes e baixa qualidade da imagem ou do som.
- Caso receba uma ameaça de extorsão sexual por deepfake, não ceder à chantagem nem entrar em contato com o criminoso. Em vez disso, procurar ajuda especializada de uma organização que ofereça apoio jurídico e psicológico às vítimas desse tipo de crime. Também é importante fazer um boletim de ocorrência na polícia e guardar todas as provas possíveis do crime, como mensagens, e-mails, imagens ou vídeos.
Para se proteger desse tipo de crime, é importante tomar cuidado com as informações pessoais que se compartilha na internet, verificar a identidade das pessoas com quem se conversa online e denunciar qualquer tentativa de extorsão. Além disso, é possível usar ferramentas de detecção de deepfakes, que analisam as imagens e vídeos e indicam se eles são reais ou falsos.
Os deepfakes gerados por IA são uma tecnologia poderosa, que pode ter usos positivos ou negativos. É preciso estar atento aos riscos e às responsabilidades que ela traz, e buscar formas de regulamentar e fiscalizar o seu uso ético e legal.